Alaúde

 

 

 

O alaúde é um instrumento musical da família dos cordofones. Este instrumento é de corda palhetada ou dedilhada, com

 braço trastejado e com a sua característica caixa em forma de meia pêra ou gota. A origem das palavras alaúde e oud

possivelmente remontam da palavra árabe al'ud, "a madeira"; alguns investigadores sugerem também que seja uma simplificação

 da palavra persa rud, que significa corda, instrumento de cordas ou alaúde. Sitar é um tipo de alaúde de braço longo originário da Índia.

 

Caixa de Ressonância

 

A caixa de ressonância dos alaúdes torna-se peculiar pela sua forma arredondada, assemelhando-se a uma gota seccionada na

 vertical. O tampo é plano, normalmente em pinho europeu, casquinha italiana ou pinho flandres. A parte de trás da caixa é

 arredondada, construída com ripas de madeira, de um modo semelhante aos das pipas. Normalmente, os alaúdes apresentam

uma a três rosáceas no tampo, a boca da caixa que permite o contacto das vibrações da caixa com o ar. Normalmente, estas

 são muito trabalhadas, com padrões geométricos, e podem chegar a ter vários andares, principalmente nos alaúdes barrocos.

 

Braço

 

O braço é normalmente curto, trastejado. Existem, porém, na família dos alaúdes, diversas extensões de braços, procurando

 notas graves, como nas teorbas, nos chitarrone e alúdes-harpa, que começam a surgir no final do Renascimento.

Os trastes raramente são de metal, normalmente de corda ou de tripa torcida, amarrados à volta do braço.

 

Cravelhas e Cordas

 

As cravelhas dos alaúdes simples caracterizam-se pelo seu ângulo, perto do reto. As cravelhas são de madeira,

 semelhantes às da família dos violinos. As cravelhas podem-se tornar mais complexos quando temos extensões

 de cordas, como nos já referidos chitarrões e alaúdes-harpa. As cordas são normalmente duplas em quase todos os

 tipos de alaúdes. Podem também adquirir composições mistas de cordas, duplas e simples, em que as duplas correspondem

 às cordas melódicas e as simples aos graves. No caso das cordas duplas, em regra geral, cada corda dupla das agudas

 são afinadas em uníssono e as mais graves em oitavas. Como na maioria dos casos dos instrumentos de corda de

música antiga, as cordas eram de tripa torcida e seca.

 

História

 

As origens do alaúde não são concretas. Vários tipos de alaúdes eram usados nas antigas civilizações Egípcia, Hitita,

 Grega, Romana, Búlgara, Gandaresa, Turca, Chinesa e Arménia/Siliciana. O alaúde atingiu a sua forma familiar, no

 início do século VII, na Pérsia, Arménia, Bizâncio e no mundo Árabe. No início do século VI, os Búlgaros trouxeram

 uma variedade de braço curto de um instrumento, kobuz, para os Balcãs. Por outro lado, os Mouros trouxeram para

 a Península Ibérica, no século IX, o oud. Antes disto, a quitra/pandura, uma espécie de citerna, ter-se-ia tornado comum

 no mediterrâneo. Contudo, este instrumento (pandura) não se extinguiu, apenas evoluiu para instrumentos como a citerna,

 guitarra portuguesa, chitarra italiana, guitarra barroca, vihuela, chitarrão, bouzouki, laouto, entre outros, na Europa. Na Algéria

 e Marrocos, a quitra sobrevive como o instrumento kuitra. À volta de 1500, na Península Ibérica, a viuhela da mano,

 uma espécie guitarra em forma de viola da gamba e antepassado da vihuela, apenas dedilhada, foi adaptada pelos lutenistas,

 embora o alaúde se tenha mantido a par da existência e popularização desta. Este instrumento acabou também por encontrar

 o seu caminho rumo a Itália, em zonas que estiveram sobre o domínio de Espanha, especialmente na Sicília e nos estados papais

 na altura do papa Alexandre VI, que trouxe muitos músicos catalãs para Itália, onde se tornou conhecida como viola da mano.

O ponto de transferência do alaúde entre a Europa Cristã e os Mouros deverá ter sido a Sicília, que deverá ter sido trazido pelos

 músicos Bizantinos ou, posteriormente, pelos Saracenos. Havia músicos na corte, lutenistas-cantores, em Palermo, que seguiam

 a conquista cristã da ilha, o que fez com que o alaúde fosse extensivamente representado nas pinturas do teto da Cappella Palatina,

 dedicado ao rei normando Rogério II, em 1140. No século XIV, o alaúde teria já se expandido para fora da Itália. Provavelmente devido

 à influência cultural dos reis e imperador Hohenstaufen, radicados em Palermo, o alaúde teve uma impressionante difusão nos

 países de língua germânica no século XIV. Os alaúdes medievais eram de instrumentos de 4 a 5 cordas e usava-se uma pena

 para palhetar. Havia em vários tamanhos, e no final do Renascimento, havia sete tipos de tamanho (até com grandes cordas-baixo)

 documentados. A sua função principal, na Idade Média, era a de acompanhamento a canções e cantigas, embora até 1500 exista

 muito pouca música encontrada que seja directamente atribuída a este instrumento. Provalvemente, a grande parte dos

 acompanhamentos da Idade Média e Pré-Renascimento eram improvisados, visto a lacuna de registros escritos com este fim.

Nas últimas décadas do século XV, de modo a poder executar a polifonia renascentista num único instrumento, os lutenistas

 gradualmente abandonam o palhetar pelo uso dos dedos. O número de cordas cresceu de 6 para cima. No século XVI, o alaúde

 torna-se o grande instrumento solo, embora se tenha mantido no acompanhamento de canções.

No final do Renascimento o número de cordas cresceu para 10 e durante o Barroco prosseguiu o seu acrescento de cordas para 14,

 chegando até às 19. Estes instrumentos, devido ao fato de muitas vezes terem mais de 30 cordas (tomando as duplas como 2 cordas),

 precisaram que se alterasse a sua estrutura, inovando-a. No final da sua evolução, o alaúde-harpa e a tiorba tinham grandes extensões

 de braço anexas ao cravelhame para acrescentar um grande comprimento de ressonância para cordas graves, e visto que os dedos

 da mão esquerda não têm extensão suficiente para ir além das 14 cordas, as cordas graves eram colocadas fora da parte

 trastejada, eram tocadas abertas. Durante o percurso do alaúde na era barroca, começou a ser progressivamente não-usado

 no acompanhamento do continuo e superado pelo uso de instrumentos de tecla. O alaúde caiu em desuso depois de 1800

 na Europa ocidental, mas diversos tipos de alaúde sobrevivem em tradições musicais do sudeste europeu, norte da África e Oriente Médio

 

O Alaúde na atualidade

 

O revivalismo do alaúde surgiu por volta de 1900, com um crescente interesse na música histórica, possivelmente ligado ao

 Romantismo; No século XX e até aos nossos dias, com o movimento de música antiga, este revivalismo cresceu exponencialmente.

 O alemão Michael Rhein toca várias vezes o alaúde em suas músicas.

 

Abaixo vídeo de alaúde

 

 

 

 

 

 

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