Fernando Deghi



 

 

Nascido a 15 de maio de 1962 em Santo André, estado de S.Paulo, reside atualmente

em Riacho Grande, São Bernardo do Campo. É considerado atualmente, uma das jóias

raras, que vem contribuindo para o avanço técnico e musical da viola caipira no Brasil.

Conheçamos então um pouco de Fernando Deghi, sua descendência, influencias, infância,

formação musical, e seu trabalho atualmente.

Implantado geneticamente por parte de mãe, corre em seu sangue, o fogo da musica

flamenga, com seus rasqueados, bulerias, fandangos, sapateados e toda fantasia que

nela existe, contando também com a enorme influencia arabesca que é característico

no estilo, e esta presente na musica de Fernando Deghi.Seus bisavós são de Córdoba e

Granada, dentre eles, Benita Munhoz (bisavó) foi dançarina e tocadora de castanholas,

e Luiz Torres (bisatio) era guitarrista flamengo.

Por parte de pai, sua herança vem do povoado de Bergamo, na Itália, (tataravô, José

Deghi), sem muitos dados de uma herança musical, e sua (tataravó), era Gaúcha, de

nome de registro: Florisbela Correia de Santana Deghi. A herança musical vem por

parte de seu avô paterno (Benedito Deghi, nascido na Caieira velha em Santana do

Parnaíba) sanfoneiro de bailes, e de seu pai (Benedito Deghi Filho) que aprendeu

ainda jovem a boa e antiga musica regional quando foi morar em Maringá velho,

(Paraná), aos sete anos depois da morte de seu pai. Observando nos bailes feitos

nos terreiros de café os conjuntos musicais, aprendeu a tocar violão e viola, e

cantava em dupla com sua irmã Maria, o bom e tradicional cancioneiro caipira.

AS influencias musicais de Fernando Deghi, ainda na infância, foram as mais diversas

possíveis. Aos cinco anos, seu pai lhe ensinou os primeiros acordes ao violão e

viola, e juntos começaram a cantar em dupla, musicas do repertório de Tonico e Tinoco,

Alvarenga e ranchinho, Cascatinha e Inhãna e outros.(parceria que se prolongou,

até os 10 anos de idade, continuamente).

Seu avô materno (José Rodrigues) era um sanfoneiro mais especializado, e Fernando

Deghi sendo o primeiro neto, teve a oportunidade de ouvir as belas rancheiras,

polcas, mazurcas, valsas, e como dizia a sua mãe, era só o avô começar a tocar,

e lá ia o neto ficar entre as pernas do mesmo, a ouvi-lo enquanto estivesse tocando.

Sua mãe, todas as manhas, enquanto executava os serviços de casa, ficava a ouvir

operas, e quando passava roupas, ouvia (disco) Dilermando Reis e o seu magnífico

violão de cordas de aço, a interpretar o mais variado repertório, sempre com a mais

atenta atenção de Fernando quando o mesmo estava presente. Guarda muita estima por

seu tio Pascoal, trompetista profissional, atuante durante 50 anos em orquestras de

bailes, e que também influenciou a Fernando Deghi com as diversas histórias

interessantes de suas vivências musicais, uma delas de ter presenciado em algumas

serestas, Américo Giacomino, o famoso canhoto, e tem em seu poder um disco autografado

pelo mesmo ao amigo. Seu tio é vivo ainda hoje, com 96 anos. Uma outra forte

influencia foi a da igreja católica. Fernando Deghi estudou dos 7 aos 12 anos em

colégio de freiras franciscanas, e durante todo esse tempo também foi coroinha,

de onde lembra dos belos cantos gregorianos, que ficava a ouvir, enquanto os padres

praticavam.Aos 13 anos quase foi para o seminário para ser padre. Fernando diz,

que foi alertado por uma voz, que soprou em seus ouvidos dizendo:- seu caminho é

outro, aguarde a sua verdadeira missão.

Aos 14 anos, foi aprender violão por musica, e prodigiosamente aos meados de

completar 16 anos, dá seu primeiro concerto em duo de violão, interpretando,

Carulli, Sors. Granados, Falla, Rodrigo, Zequinha de Abreu, Dilermando Reis. Nesta

mesma época em busca de novas aventuras, segue para o interior de S Paulo, a convite,

para dar aulas no Conservatório Musical de Pirassununga, onde juntamente com seu

antigo parceiro de duo, são responsáveis pela introdução do curso de violão neste

conservatório. Expandiu mais ainda seu trabalho, lecionando em várias cidades: Porto

Ferreira, Sta Cruz das Palmeiras, Tambaú, Casa grande, São Simão, Sta Rita do Passa

Quatro, onde teve a oportunidade de conhecer a casa que Zequinha de Abreu morou

depois de casado, numa pequenina cidade chamada Estrela. Nesta época, manteve

contato, com a boa e tradicional musica regional nas festas folclóricas e encontros

promovidos, que ficaram cravados em sua memória.

Aos 19 anos interrompe o Duo seguindo seu caminho individualmente, e auto

didaticamente, depois de ter passado por grandes mestres em breves períodos de aulas.

Dentre eles: Mario Carrer, Guerra (técnica), Daniel Damasceno e o Maestro Teodoro

Nogueira (Teoria). Lembrando também de Francisco Araújo (grande violonista e

compositor) que Fernando conheceu quando tinha 15 anos. Francisco, não foi seu

professor de violão, más sim, um amigo que lhe transmitiu a garra de ser musico no

Brasil. Fernando Deghi lhe guarda muita estima e admiração. Atualmente são grandes

amigos e se tratam como irmãos.

Prosseguindo seu caminho, envolve-se de corpo e alma, com o Choro e seus regionais,

onde tocou bandolim e violão.

O ápice de sua vida foi seu casamento, aos 21 anos, onde cumpre mais uma etapa.

Fernando Deghi acredita que um homem só é completo, quando forma sua própria família,

(esposa e filhos). Seu casamento lhe trouxe novas perspectivas, e ao mesmo tempo, à

volta as origens. Pois seu sogro, Antonio Pendezza, era musico de bailes de roça

quando morava em Catanduva interior de S.Paulo.Tocava viola, cavaquinho e violão,

cunhado de João Cunha, primo direto de Zico e Zéca, Vieira e Vieirinha e Liu e Léo

(grandes violeiros). Fernando Deghi volta imediatamente a recordações de sua infância,

e ao mesmo tempo é influenciado diretamente pelas modas, catiras, ponteados, pagodes

caipiras, a tocar viola. Dito por João Cunha:- O dia que você tocar viola como toca o

seu violão, vai acontecer uma parceria de grande importância a musica popular

brasileira, e ao avanço da viola caipira, que está precisando de sangue novo.

Fernando Deghi guardou essas palavras e seguiu em frente ainda com seu violão e a

violinha tocava de vez em quando. Procurou Henrique Pinto, com quem estudou por

dois anos. Fernando diz que ter estudado com Henrique Pinto, lhe deu a consciência

de que tocar não é sofrimento e sim relaxamento. (Lhe é muito grato pela consciência

corporal, praticada em métodos técnicos de Abel Carlevaro, e métodos próprios).

Em meados de 1983 a 1984, em busca ainda do que desconhecia, foi estudar guitarra

portuguesa com Manuel Marques, depois de tê-lo visto em um programa de televisão.

Chegou a tocar, os famosos corridinhos, fados...Foi incentivado por Manoel Marques

a continuar tocando violão, depois do mesmo ter assistido a um vídeo de seus concertos.

Infelizmente ou felizmente em 1986, interrompe sua carreira violonística em palcos,

restringindo-se mais a concertos caseiros, que passaram a ser muito raros. Abandona

então por completo a sua parceria com o violão, e vai aprender uma profissão que

exerce até hoje: Afinador de piano, tendo em seu currículo afinações para Eudoxia

de Barros, Arthur Moreira Lima, Benito de Paula, Sinfônica de S.Paulo, Evento da

Missa Crioula no Ibirapuera (pelo Mercosul) e outros.

Onde a viola entra definitivamente em sua vida?

Fernando diz que em seu peito estava cravado um espinho, uma cobrança continua que

lhe atormentava, pelo fato de tantos anos de dedicação á musica e naquele momento em

total abandono, pois havia cansado de ser intérprete de um instrumento que não mais

satisfazia seus anseios.Depois de uma profunda reflexão, decide dedicar-se

intensamente a viola brasileira no campo da pesquisa, resgate e novas possibilidades

instrumentais.Pois tomou consciência de que a mesma não era apenas um instrumento,

más trazia consigo uma grande historia, uma filosofia de vida, um modo se ser simples

e original, e a cara de um Brasil que não pode esconder que grande parte de suas

tradições foram acompanhadas ao som deste fantástico instrumento.

Tem coisas que não se revelam, e em termos de história de violeiro, essa é mais

uma que vai prô bojo da viola, acredite se quiser:

Depois de ter decidido se aprofundar na viola, Fernando teve um sonho que o deixou

em silencio durante dias. Depois de um tanto de dias, teve o mesmo sonho seguido

de novas revelações, que já o fez estudar mais intensamente a viola e começar a

compor. E por ultimo e pela terceira vez, o mesmo sonho seguido de outras revelações

e de um agradecimento especial.

Fernando Deghi atribui estes sonhos, a enorme busca de seu interior, a algo divino

que lhe veio de encontro, a magia que tanto acredita, pois esta presente a nossa

volta, basta olharmos para uma flor.

Seu trabalho tem sido intenso, e dedicado à viola desde 1989. Já poderíamos

conhecê-lo há muito mais tempo, pois teve propostas de varias gravadoras e editoras,

para lançar seu trabalho. Fernando Deghi agradece. Preferiu esperar mais um pouco,

adquirir mais experiência, e lançar seus trabalhos por sua própria produtora e

editora: Violeiro Andante produções.

 

Texto retirado do site oficial de Fernando Deghi

www.fernandodeghi.hpg.com.br
 

 

Assista abaixo vídeos de Fernando Deghi

 

 

 

 

 

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